Viajando com Audrey Hepburn - Londres

Fotos: Bert Hardy (1), Ealing Studios (2) e Warner Bros. (3 e 4)


Da infância até a vida adulta, a belga de ascendência britânica Audrey Hepburn (1929-1993) sempre manteve uma relação íntima com a Inglaterra. 

Quando criança, a menina deixou a sua cidade natal, Ixelles, na Bélgica, para morar em Londres, por 1 ano, por causa do emprego de seu pai. Poucos anos depois, em 1937, ela foi levada para Kent, para ser educada numa escola local. Essa fase em solo inglês teve fim em 1939, quando o Reino Unido entrou em guerra com a Alemanha, por ocasião da II Guerra Mundial, e Audrey foi levada para a Holanda.

Com o final do conflito, Audrey e sua mãe, a baronesa Ella van Heemstra, retornaram a Londres, para que a jovem pudesse ter aulas de balé na conceituada escola Rambert, de onde havia ganhado uma bolsa de estudos. Sozinhas e com pouco dinheiro, mãe e filha tiveram que se virar como puderam para pagarem as suas despesas. Foi nessa época que Audrey começou a trabalhar como modelo. Na foto 1, podemos vê-la no ensaio fotográfico "We Take a Girl to Look for Spring", feito por Bert Hardy, no Kew Gardens, em maio de 1950. 

Nos primeiros meses na cidade, talvez por questões financeiras, Audrey morou na casa da dona da escola de balé, Madame Marie Rambert, no 19 Campden Hill Gardens. Depois, ela e a mãe mudaram-se para o 65 South Audley Street.

Sobre as aulas de balé, Audrey até que era uma aluna esforçada e queria se tornar uma bailarina profissional. No entanto, o seu tipo físico, prejudicado pelas dificuldades alimentares do período da guerra, não permitiu que ela realizasse esse sonho. Assim, a jovem teve que seguir o seu plano B, que seria o de tornar-se atriz. 

Primeiro, Audrey trabalhou em pequenos papéis nos palcos de teatros do West End; depois, fez participações em seriados da BBC. No anos de 1950 e 1951, ela conseguiu fazer pontas em alguns filmes ingleses e franceses. Dessa safra, destaca-se "O Mistério da Torre" (1951), filmado tanto em locações londrinas e parisienses como no histórico Ealing Studios. Numa das cenas feitas nesse estúdio, Audrey surgiu no papel de Chiquita, a garçonete de um restaurante carioca (foto 02). Quem diria que a nossa amada atriz tinha um pezinho no Rio de Janeiro, hein?

Depois dos primeiros trabalhos no cinema europeu, Hepburn conseguiu o papel feminino principal de "A Princesa e o Plebeu" (1953), ganhou um Oscar por ele e fincou os pés em Hollywood. Elevada à condição de estrela de cinema, ela passou a trabalhar no eixo Los Angeles - Nova York - Paris, visitando Londres em viagens curtas, para as estreias de seus filmes. Algumas dessas premieres, como a de "Bonequinha de Luxo" (1961), foram realizadas no antigo Plaza Theatre, em Piccadilly Circus, visto que o lugar pertencia a Paramount Pictures, com quem a atriz tinha contrato.


Fotos: Warner Bros. (5) e Fran Mateus (6 e 7)


Londres voltou a marcar presença na vida de Audrey em 1964, quando ela surgiu no musical "Minha Bela Dama" interpretando Eliza Doolittle, uma vendedora de flores que trabalha no Mercado de Covent Garden até conhecer Professor Henry Higgins (Rex Harrison), um mestre em fonética (foto 3). Desejando perder o sotaque cockney para conseguir emprego numa loja grande e com salário decente, a florista procura o esnobe professor para convencê-lo a ajudá-la em sua transformação. A foto 4 dá uma ideia para quem ainda não viu esse filme se o expertise de Higgins mais a força de vontade de Eliza foram suficientes para o sucesso do desafio.

A história de "Minha Bela Dama" se passa em Londres, mas foi filmada nos estúdios da Warner Bros., em Burbank, nos arredores de Los Angeles. Dessa forma, todos endereços exibidos em cena são recriações dos lugares reais, incluindo o famoso 27-A Wimpole Street, onde Higgins mora e acontece a maior parte da trama (foto 5). Na vida real, o lugar atende como 27 Wimpole Street (sem a letra A) e a fachada da casa é um pouco diferente da que foi produzida para a ficção (foto 6). Mas, quer saber, passar na frente dela dá uma sensação tão boa de déjà-vu que a gente até esquece que Eliza e Higgins nunca estiveram ali...

Depois de "Minha Bela Dama", Audrey continuou prestigiando Londres com a sua presença até 1993, quando faleceu. Duas décadas depois, em julho de 2015, foi a vez da cidade colocar uma de suas instituições mais conceituadas, a National Portrait Gallery, a serviço de sua cidadã de coração com a exibição "Audrey Hepburn - Portraits of an icon" (foto 7), que mostrou fotos inéditas da atriz em várias fases de sua vida e foi promovido pelo filho mais velho dela, Sean Hepburn Ferrer (como fã de Audrey, eu me senti uma sortuda de poder conferir esse evento faltando um dia para o seu encerramento).

Se olharmos para trás, veremos que sempre que Audrey precisou, Londres abriu as portas para ela. Essa relação entre atriz e cidade foi longa e de muito respeito mútuo; e, ao que parece, tende a ser eterna.


Veja também: Viajando com Audrey Hepburn por Nova York, Roma e Paris


Comentários

  1. Bom dia,... na cena da ponte, quem trava a porta do mercedes é magneto ou a passageira, acionando a trava?

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    Respostas
    1. Olá! Tudo bem? Nessa cena, logo depois de Magneto ligar a ponte Golden Gate a Alcatraz, a passageira olha para ele assustada e pensa em sair do carro, mas Magneto trava a porta, impedindo ela, o marido e o garoto de sairem dele.

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