"A Escavação" de Sutton Hoo
Fotos: divulgação Netflix |
Por Fran Mateus
A primeira vez que eu tive contato com a história de Basil Brown e Edith Pretty foi através do livro The Road to Little Dribling, de Bill Bryson, lançado em 2015, mas que eu só tive a oportunidade de ler em fevereiro deste ano. Nessa continuação de Notes From a Small Island, Bryson faz uma visita à Sutton Hoo, em Suffolk, e nos conta um pouco sobre o trabalho do escavador inglês na propriedade da rica herdeira. Assim, quando eu vi o filme da Netflix com um título tão sugestivo como A Escavação (The Dig, 2021) e as fotos dos atores ingleses Ralph Fiennes e Carey Mulligan no pôster, eu fiz a associação imediata com a experiência vivida por Bryson e, para minha alegria, eu estava certa.
A inspiração para o roteiro do filme dirigido por Simon Stone foi o romance histórico The Dig, de John Preston, que, por sinal, é sobrinho da arqueóloga que participou das escavações, Peggy Piggott (interpretada por Lily James). O escritor inspirou-se na história verdadeira, mas também incluiu algumas licenças poéticas para deixar a narrativa mais interessante (por exemplo, a parte que envolve a vida amorosa de sua tia). Eu não conheço todos os fatos sobre os participantes dessa descoberta arqueológica para saber o que aconteceu e o que foi inventado, mas devo confessar que adorei o que foi mostrado no filme.
A história de A Escavação começa em abril de 1939, com a contratação de Basil Brown por Edith Pretty, e termina em setembro de 1939, com o Reino Unido entrando em guerra contra a Alemanha, durante a II Guerra Mundial. Pouco tempo depois de iniciar as escavações, Brown descobre a preciosidade histórica, em formato de um navio, que estava escondida debaixo de um dos montes existentes nas terras de Edith, porém o homem não foi devidamente reconhecido por isso quando as relíquias anglo-saxãs, encontradas no mesmo local, foram doadas ao Museu Britânico. No filme, quem faz esse reconhecimento público a ele é a própria Edith Pretty. Felizmente, a justiça foi feita, permitindo a quem visita o museu, hoje em dia, ver o nome de Brown ao lado do de Pretty na sala de nº 41, onde os tesouros de Sutton Hoo estão expostos. Infelizmente, o escavador, que sempre visitava o local para matar a saudade dos frutos de suas descobertas, não viveu para ver o seu nome no lugar devido.
Sobre os atores, eu achei a interpretação de Ralph Fiennes excelente. Além de ser um ator maravilhoso, ele é natural de Ipswich, Suffolk, o que pode ter contribuído para a forma brilhante como ele deu vida ao seu conterrâneo Basil Brown (Bucklesham, Suffolk), especialmente, no que diz respeito ao sotaque e aos maneirismos do escavador. Carey Mulligan faz um ótimo trabalho no papel de uma mulher culta, que está ciente da proximidade da morte e muito preocupada em deixar o seu filho, Robert Dempster Pretty, sozinho. A contratação da atriz de 30 e poucos anos para interpretar uma mulher 20 anos mais velha foi muito criticada - e com razão - em alguns meios de comunicação; mas, verdade seja dita, a jovem atriz fez uma interpretação muito bonita e sensível, do tipo que consegue nos envolver, profundamente, na dor de uma mãe. Na vida real, quando a Sra. Pretty faleceu, em 1942, Robert tinha apenas 12 anos de idade e foi morar com uma tia materna. O papel desse garotinho foi vivido pelo superfofo Archie Barnes, que já tem o dom de roubar a cena cada vez que aparece na tela. É dele uma das falas mais belas dessa história, usada para dar um final ao filme.
Para concluir, só posso dizer que teve quem adorou A Escavação e teve quem preferia que ele fosse mais fiel aos fatos ou que uma atriz mais velha fizesse o papel de Edith Pretty. Particularmente, eu gostei muito de cada detalhe mostrado em cena e recomendo você a assisti-lo e tirar as suas próprias conclusões. No mínimo, você ganhará conhecimentos sobre um dos acontecimentos arqueológicos mais importantes de todos os tempos enquanto se diverte.
Comentários
Postar um comentário
Fale conosco