Especial Audrey Hepburn: "Sabrina"
(Sabrina, 1954, direção de Billy Wilder; fotos: Paramount Pictures) |
"Era uma vez, na costa norte de Long Island, a 50 km de Nova York, uma garota que morava numa grande propriedade..." Essa garota se chamava Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) e a propriedade pertencia à rica família Larrabee, para a qual o pai da jovem, Sr. Thomas Fairchild (John Williams), trabalhava como chofer.
O casal Larrabee tinha dois filhos. Linus (Humphrey Bogart), o mais velho, era um empresário pragmático, focado nos negócios e em fazer a fortuna de sua família crescer. David (William Holden), o mais novo, era um mulherengo incorrigível, que preferia passar as noites nos clubes de Manhattan a ter que ficar trancado no escritório da família, trabalhando em coisas que não lhe interessavam. Acontece que esse bon vivant era a razão da existência de Sabrina, o homem por quem ela era perdidamente apaixonada. Para David, no entanto, Sabrina era apenas a filha do motorista da família e ponto final.
Percebendo a infelicidade da filha, o Sr. Fairchild enviou Sabrina para estudar culinária em Paris, numa tentativa de afastá-la de David e fazê-la esquecê-lo. Dois anos depois, a garota desengonçada retornou a Nova York transformada numa mulher chique, desinibida, comunicativa e, para desgosto do pai, ainda interessada no caçula dos Larrabee. E adivinhe o que aconteceu? David não ficou indiferente a tanto charme, e passou a cortejar a jovem assim que colocou os olhos nela, mesmo estando noivo de uma herdeira muito rica, num compromisso arranjado por Linus para unir duas das famílias mais poderosas dos Estados Unidos.
"Paris não é para trocar de aviões. É para trocar de perspectiva. É para abrir as janelas e deixar entrar la vie en rose" (Sabrina explicando o significado de Paris para Linus).
O envolvimento de David com a filha do empregado não foi bem visto pelo clã Larrabee e por isso, Linus armou um plano para tirar Sabrina de cena e devolvê-la a Paris. Mas ele fez isso de forma sedutora, envolvendo a jovem e fazendo-a apaixonar-se por ele. Bem, como quem brinca com fogo pode se queimar, o ambicioso Linus caiu em sua própria armadilha e se apaixonou pela doce jovem, mas esse sentimento não o impediu continuar com o seu plano de querer embarcá-la num navio rumo à França, numa viagem só de ida. Quando Sabrina foi informada desse plano pelo próprio Linus, ela decidiu, voluntariamente, voltar para o lugar onde foi feliz.
Essa história romântica não terminou assim. David ainda teve uma conversa de homem para homem com o irmão mais velho, antes de descobrirmos qual deles ficou com a heroina no final.
👀 Curiosidades
- Audrey Hepburn e Willian Holdem se conheceram, se apaixonaram e tiveram um breve romance quando trabalharam em Sabrina. Uma década depois, os dois voltaram a atuar juntos em Quando Paris Alucina (1964); dessa vez, sem romance fora da tela.
- A amizade da vida toda entre Audrey e o estilista Givenchy começou na época em que ela trabalhou nesse filme. Foi ele quem desenhou o belo vestido que Sabrina usa no baile dos Larrabees, quando ela retorna de Paris.
👀 Opinião
Quando filmou Sabrina, Audrey tinha 25 anos e Bogart, 55; uma diferença de idade de 30 anos entre eles. Três anos depois, quando atuou em Amor na Tarde, Audrey tinha 28 anos e seu par romântico, Gary Cooper, 56 anos.
Apesar da diferença de idade ser praticamente a mesma entre os pares de Audrey nos dois filmes, a relação da personagem dela com a de Cooper foi bastante criticada, afetando a bilheteria do filme. Já Sabrina não teve esse problema e fez muito sucesso.
Estou comentado isso porque, pessoalmente, achei mais difícil acreditar na paixão súbita de Sabrina Fairchild pelo calculista Linus Larrabee (além da falta de química entre os atores) do que na de Ariane Chavasse pelo sedutor Frank Flannagan. Além disso, as falas de Amor na Tarde são divertidíssimas, tanto as ditas pela dupla principal como as dos personagens secundários. Minha conclusão é que parte do público da época perdeu a chance de se divertir com o filme de 1957 por causa de um problema que esse mesmo público havia perdoado (ou ignorado) no filme anterior.
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