"Blue Jasmine": Cate Blanchett e Woody Allen em São Francisco



Quando li as primeiras notícias sobre Blue Jasmine, pensei: "Um encontro entre Woody Allen  (um dos meus cineastas favoritos, forever!) e Cate Blanchett (de quem sou fã desde "Elizabeth")? Uau! Preciso ver isso!!! Tão logo estreou e eu já estava lá, numa poltrona 'cativa' do Espaço Itaú da rua Augusta.

Criador e criatura.
Blue Jasmine (melhor dizer, Woody Allen) pegou-me de surpresa. E foi uma atrás da outra. Primeiro, porque o desenrolar da trama e, principalmente, o seu final, foram um choque para mim. Lembro-me de ver os créditos passarem na telona e pensar: "É isso? Cadê o 'final', se não feliz, ao menos digno, da personagem?". Tive um pouco de dificuldade de assimilar aquela história toda, como sempre, roteirizada por Allen. Uma segunda curiosidade na trama foram os lugares: ela até tem partes filmadas em Nova York (quando Jasmine lembra do seu passado glamouroso, cheios de jantares incríveis e compras em lojas sofisticadas, tudo ao lado do seu marido financista, rico, mentiroso, golpista e mulherengo), mas é São Francisco, a cidade super-cool localizada do outro lado da costa americana, que rouba a cena. É para lá que a ex-ricaça vai, sem um tostão no bolso e cheia de dívidas, passar um tempo morando na casa da sua irmã, Ginger (Sally Hawkins).

Cada cidade americana acaba representando um lado da vida de Jasmine: Nova Iorque, com seus tipos sofisticados, mas que vivem de aparências quando o assunto é moralidade; São Francisco, por sua vez, com seus tipos modestos, gente que trabalha e que se diverte com coisas simples, como beber alguns bons copos de cerveja numa mesa de bar e assistir esportes na televisão, nas tardes de domingo, por exemplo. Algo impensável na rotina de Jasmine até então.

A cena que achei mais divertida, e que representou bem estas diferenças sociais, foi aquela em que Jasmine é ciceroneada pelo namorado de Ginger, Chili (Bobby Cannavale - eu estava com saudades dele desde "Dança Comigo"). O rapaz, sincero, rude e meigo ao mesmo tempo, quer que Jasmine namore um amigo seu e, para aproximá-los, leva a novaiorquina pelos pontos turísticos de São Francisco. A cara de Jasmine diante da situação é um convite a gargalhada: "que raios eu estou fazendo aqui?".

Depois de alguns percalços na nova cidade, eis que Jasmine consegue encontrar um partidaço: Dwight (Peter Sarsgaard), um homem rico, bonito e precisando de uma esposa elegante para mostrar aos futuros políticos que deseja impressionar. Seria esta a oportunidade da heróina de Allen - brilhante e competentemente interpretada por Blanchett - sair da vidinha de pobre e retornar em alto-estilo ao mundo dos ricos? É aí que Woody Allen resolve mudar totalmente o jogo - e a sua forma conhecida de finalizar uma boa história! Quem viu sabe do que falo; quem não viu, pode fazer isso e assistir com os seus próprios olhos o que acontece com Jasmine.

Jasmine/Blanchett na cena realizada no South Park, em São Francisco

Alguns lugares de São Francisco usados como locação por Allen: San Francisco Bay, a Marina, a Golden Gate (que está até no cartaz), a Ocean Beach (praia onde Ginger e seu affair caminham) e a Pacific Heights. Ginger mora no número 305 da S.Van Ness Avenue e Dwaight leva Jasmine para escolher a jóia de noivado na Shreve & Co, localizada na esquina da Post Street e a  Grant Avenue, na cena que mudou o curso da vida de Jasmine (pela segunda vez, no filme). Para conhecer as mais de 40 locações do filme, sugiro acessar o link Locações do filme de acordo com o site IMDB.

Bem, posso resumir esta obra (se é que isso é possível) dizendo que 'seria cômica, se não fosse trágica'. Conheci quem gostou, quem amou e alguns que não curtiram muito ou nada (algo normal quando o assunto é um filme de Allen - risos!). Da minha parte, depois de algumas horas tentando me refazer do susto inicial, consegui assimilar a 'pancada' e admirar mais ainda Woody Allen como roteirista e diretor... e torcer para ver logo "Magic in the Moonlight" (Blue Jasmine está em cartaz e eu já quero assistir outro Allen). 

Fotos: Divulgação
Locações: IMdb

Comentários

  1. Também estava super ansioso para ver esse encontro, Blanchett é uma das minhas atrizes prediletas. E o encontro não me decepcionou. A trama é super pesada, mas Allen consegue tocar o filme com humor, sem que o assunto fique pesado e ao mesmo tempo não perca a profundidade. Você citou o passeio dela por San Francisco, uma cena eu achei hilária, a cena quando eles resolvem tirar uma fotografia e ela faz uma cara muito desolada, tirando uma foto com aquelas pessoas que ela despreza. Ótimo texto, os contrastes entre Nova York e San Francisco e a trajetória da protagonista nessas duas cidades realmente são um dos pontos excelentes de análise para o filme. Abraços.

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    1. Agora, vamos aguardar 2014 e um novo filme do mestre Allen :-)

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