A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne

“Em 1872, a casa número 7 de Saville Row, Burligton Gardens, era habitada por Phileas Fogg, membro dos mais singulares e dignos de reparo do Reform Club de Londres, apesar de sistematicamente, segundo parecia, evitar nos seus atos tudo o que pudesse de algum modo despertar a atenção dos seus compatriotas”. Fogg era incontestavelmente rico. Porém, não usava o seu dinheiro para sair de Londres. A ele apetecia fazer o percurso diário casa–clube-casa. Seus passatempos eram ler jornal e jogar whist.
João Passepartout, o outro personagem da história de Júlio
Verne, era um rapaz com aptidão natural para sair das complicações da vida.
Havia sido cantor ambulante, artista de circo, professor de ginástica e até
cabo de bombeiros. Mas, naquele momento, ele só queria sossego. E, trabalhar
para Phileas Fogg parecia ser o mais adequado na busca de realizar esse desejo.
Por causa de uma conversa sobre como o mundo torara-se pequeno e o delinquente poderia se safar
rapidamente em outro país, surgiu uma inusitada aposta. Phileas Fogg
sustentava que as distâncias haviam encolhido e nada impediria uma pessoa de dar a volta ao seu redor em apenas 80 dias. Os outros discordavam
e ponderavam que as forças da natureza – como vento ao contrário – ou de
origens diversas -como um trem descarrilhar ou índios atacarem viajantes pelas
estradas- fariam o prazo aumentar. Fizeram uma aposta envolvendo altas somas.
Com toda a sua fortuna em jogo, eis que Phileas Fogg sai do
clube com a missão de fazer uma viagem pelos diversos cantos do planeta no prazo estabelecido.
O roteiro da época seria: Londres – Suez – Bombaim – Calcutá
- Hong Kong – Iocoama - São Francisco - Nova York - Londres. Ou seja, todos destinos acima da linha do Equador.
A notícia se espalhou e todos os jornais ingleses da época
comentaram-na. Como convêm no Reino Unido, apostas foram feitas pela população,
dividida entre os que acreditavam que o feito seria realizado e os incrédulos.
Bem, para tornar a situação mais animada, a polícia local desconfiou da ação de
Phileas Fogg e o acusou de ser o ladrão de banco tão procurado. Foi nesse
cenário que começou o Grand Tour do fidalgo e o seu perplexo mordomo.
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Problemas nos trens eram muito comuns naquela época: eles podiam acontecer tanto na Índia (foto acima), como nos Estados Unidos, foto abaixo, dificultando a vida - e a aposta - de Phileas Fogg. |
Em 1956, o diretor Michael Anderson transferiu a aventura de
Verne para as telas de cinema. Enquanto o gentil amo (interpretado por David
Niven) transfere toda a sua rotina de horários e cardápios rigidamente programados
para os trens ou navios, dá gosto ver como Passepartout (numa divertida atuação
de Cantinflas) se encanta pela paisagem e como aproveita ao máximo os momentos
de prazer que aparecem – ou que ele cria. Uma delícia! Com um time de atores
dos bons, quase não dá para reconhecer Shirley MacLaine como a princesa Aouda
ou notar as rápidas aparições de Frank Sinatra e Marlene Dietrich. O filme foi
vencedor de 5 Oscar – entre eles, o de Melhor Filme e Melhor Fotografia.
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A útima etapa da viagem - Nova Yok-Londres - foi realizada no barco "Henrietta". Fotos: Divulgação |
Livro e filme são perfeitas companhias para os grandes amantes das viagens. Sobre as locações, confira a lista completa feita pelo site IMDB.
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