Do Albergue Espanhol ao Enigma Chinês

Alguns filmes são capazes de nos envolver e encantar não somente pelo roteiro convincente, divertido e bem contado ou por sua fotografia maravilhosa, efeitos de primeira e figurino de dar vontade de ir numa loja buscar algo igual. Eles conseguem nos marcar, também, por possuir aquele dom de nos fazer sentir empatia pelo que está sendo mostrado na tela e de nos fazer acreditar que aquela poderia ser parte da nossa própria história. E, se a lembrança de vida é boa, o sentimento em relação ao filme chega a ser de paixão eterna. Isso é o que acontece comigo em relação à história de Xavier (Romain Duris) nos filmes "Albergue Espanhol" (2002), "Bonecas Russas" (2005) e "O Enigma Chinês" (2013).

Em Albergue Espanhol, Xavier, um parisiense de vinte e poucos anos que, cheio de dúvidas sobre a vida e o futuro profissional, decide ir para a Espanha estudar Economia para, no retorno à Paris, trabalhar numa grande corporação. Em Barcelona, ele mora um ano num albergue, com estudantes de outros lugares da Europa: uma inglesa, uma espanhola, uma belga, um alemão, um italiano e um dinamarquês. E motivo deste filme ser tão importante para mim? Eu o assisti quando voltei de uma temporada de estudos na Austrália, onde tive contato com estudantes da Ásia, Europa e América Latina. Alguns deles tornaram-se amigos para sempre. Juntos, desbravamos Sydney  quase inteira, por motivo de estudo ou mera diversão. Bons tempos! Locações: Paris (França) e Barcelona (Espanha).



Parte da minha turma do "Albergue Australiano" :-)

Post: Vivendo e estudando em Sydney, Austrália

 

Bonecas Russas mostra um Xavier 'balzaquiano', enfrentando as consequências de ter trocado a profissão de Economista pela vida incerta de Escritor. O seu romance “Albergue Espanhol”, ainda não conseguiu editora. Assim, Xavier vive de escrever roteiros de histórias amor para a televisão francesa, enquanto mantem a amizade com Isabelle (Cécile de France) e Martine (Audrey Tautou) e busca o amor verdadeiro. Nesse meio tempo, ele vai para Londres realizar um trabalho com Wendy (Kelly Rielly), sua colega dos tempos do albergue, e, depois, para São Petersburgo, assistir o casamento de William (Kevin Bishop). Na Rússia, entre idas e voltas amorosas, Xavier e Wendy reencontram o resto dos amigos da Espanha. Locações: Paris, Londres (Reino Unido) e São Petersburgo (Rússia).

 

Assisti O Enigma Chinês no fim de semana e voltei a me emocionar com o que seria a conclusão dada por Cédric Klapisch à história de Xavier. Wendy deixa-o em Paris para viver em Nova York com um americano, levando consigo os dois filhos do casal. Sem aguentar a saudade e não querendo repetir o exemplo do seu pai ausente, Xavi deixa o sucesso como escritor, adquirido em Paris, e vai morar na Big Apple. Para permanecer nos EUA e acompanhar o desenvolvimento dos filhos, ele precisa arranjar uma esposa americana. Aí, começa toda a diversão da história. Emocionante e sem apelação, o fim da saga de Xavier (será?) é uma espécie de retorno à origem (lembrando muitas situações divertidas de “Albergue Espanhol”). Com ele, nos despedimos de Xavier, Wendy, Martine e Isabelle, todos já beirando os quarenta anos e com problemas de vida atualizados (em outras palavras, condizentes com a passagem de tempo e comuns à muitos mortais). Locações: Paris e Nova York (tem muito de Brooklyn Bridge e Chinatown na telona!).

 Fotos dos filmes: Divulgação